domingo, 24 de maio de 2009

Brisas

O farvalhar dos coqueirais
Acariciados pela brisa marinha
Doamos uma sensação de quietude
Poucas vezes alcançada

Aqui e Acolá o pensamento
Liberta-se conjecturando
Querendo conhecer mistérios
como quem somos para onde vamos

Nesta tranquilidade sonora
onde o visual perde-se
em visões imensuráveis

Paramos no tempo conscientes
De nossa ignorância
Talvez até providencial

2 comentários:

Letícia disse...

outro primor esse verso.
coisa mais linda sr. moacir, adorei.
Letícia

Anônimo disse...

Esse verso me fez lembrar esse texto de Eça de Queiroz, portanto resoilvi compartilhar.
Abs.
Antônio M.
"A paisagem faz a raça. A Holanda é uma terra pacífica e serena, porque a sua paisagem é larga, plana e abundante. A paisagem que fez o grego, era o mar, reluzente e infinito, o céu, sereno, transparente, doce, e destacando-se sob aquela imobilidade azul, um templo branco, puro, augusto, rítmico, entre a sombra que faz um grupo de oliveiras. A paisagem do romano é toda jurídica: as terras ásperas, a perder de vista, separadas por marcos de tijolo; uma grande charrua puxada por búfalos, vai passando entre os trigos; uma larga estrada lajeada, eterna, sobre a qual rolam as duas altas rodas maciças dum carro sabino; uma casa coberta de vinha branqueja ao longe, na planície. Não importa a cor do céu: o romano não olha para o céu. A raça anglo-saxónica tira a sua tenebrosa mitologia, o seu espírito inquieto, da sua paisagem escura, acidentada, desolada e romântica. É o estreito e árido aspecto do vale de Jerusalém que fez o judeu."
Eça de Queirós, in 'O Egipto'