segunda-feira, 23 de março de 2009

Preferências

São tantas nossas preferências
Que terminam nos caracterizando
Tornando-nos conhecido por nossas excelências
Clubes, cores, sabores, esportes, pessoas especiais

Algumas terminam sempre como preferenciais
Por exemplo, educação, instrução, posição
Todas fazendo ou compondo o que chamamos vida
Influindo e contribuindo para o total desta complicação

Independentes surgem às vezes por influencias
Outras inexplicavelmente fazendo parte
Aumento nossa ignorância de nos mesmos

Do nascer ao morrer convivemos
Em muitos detalhes porem nos desconhecemos
E ainda pretendemos conhecer os outros!

Um comentário:

Anônimo disse...

Existe o utilitarismo das preferências distinto de utilitarismo? (Confusões de Pedro Madeira)
Alguns autores distinguem, equivocamente, entre utilitarismo clássico e utilitarismo das preferências. Pedro Madeira, tradutor para português de uma obra de Stuart Mill, um dos que perfilha essa nebulosa distinção, escreveu: Ao longo do Utilitarismo, Mill fala na importância de maximizar o prazer. Durante o século XX, vários filósofos preferiram deixar de falar em maximizar o prazer, e passaram a falar em maximizar a satisfação das preferências. A este tipo de utilitarismo é comum chamar-se "utilitarismo das preferências". A diferença entre esta versão de utilitarismo e as versões mais tradicionais como a de Mill, pode ser ilustrada através do seguinte exemplo: suponhamos que damos a escolher a uma pessoa entre ficar medianamente feliz, como está agora, e ficar muito feliz, mas perder todas as memórias e serem-lhe dadas novas memórias, e uma nova identidade. A segunda opção maximizaria, certamente, a utilidade. Mas devemos fazê-lo? Não; se uma pessoa manifesta expressamente a sua preferência por A, em detrimento de B, então, a não ser que tenhamos razão para pensar que a pessoa está a ser irracional ou ignora factos relevantes, há uma presunção a favor da ideia de que devemos deixar que a pessoa escolha A. Ao passo que as versões mais tradicionais do utilitarismo obrigam a escolher a segunda opção, porque isso maximiza o prazer, o utilitarismo das preferências permite escolher a primeira opção, se for essa a preferência da pessoa em causa.» (Pedro Madeira, Introdução in O Utilitarismo, de John Stuart Mill, Gradiva, pags. 23-24; o negrito é nosso)Como é que Pedro Madeira pode garantir que o utilitarismo clássico de Mill obriga uma pessoa a preferir perder a memória e o sua "identidade passada" para ser muito feliz, rejeitando a mediana felicidade que frui de se lembrar do seu passado mais ou menos atribulado? Como pode Pedro Madeira falar em maximização do prazer ao perder a memória quando há gente que sentiria isso como uma fonte de insegurança e de desprazer?
O exemplo apresentado é uma falácia de Madeira e dos que como ele pensam. É deformar o pensamento do filósofo inglês. Foi Stuart Mill quem assegurou que no utilitarismo não há receitas éticas a priori e cada caso é um caso e que é absurdo (como faz Madeira) fazer da quantidade a pedra de toque na preferência de um prazer ao outro: Seria absurdo que a avaliação dos prazeres dependesse apenas da quantidade, dado que ao avaliar todas as outras coisas consideramos a qualidade a par da quantidade.
Se me perguntarem o que quero dizer com diferença de qualidade nos prazeres, ou o que torna um prazer mais valioso que outro, apenas enquanto prazer, exceptuando o ser em maior quantidade, há apenas uma resposta possível. De dois prazeres, se houver um ao qual todos ou quase todos os que tiveram uma experiência determinada, à margem de qualquer sentimento de obrigação moral para o preferirem, esse é o prazer mais desejável. ( John Stuart Mill, Utilitarismo, Gradiva, Lisboa, pags. 52-53; o negrito é meu).É melhor um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; um Sócrates insatisfeito do que um idiota satisfeito. E se o idiota, ou o porco, têm opinião diferente, é porque apenas conhecem o seu lado da questão(Stuart Mill, ibid, pag. 54).O que há para decidir se vale a pena a prossecução de um determinado prazer à custa de uma determinada dor, excepto os sentimentos e os juízos de quem tem experiência?» (Mill, ibid, pag 56)As principais componentes de uma vida feliz parecem ser duas, cada uma das quais sendo com frequência considerada por si mesma suficiente para o efeito: tranquilidade e excitamento» ( Mill, ibid, pag 59).
Não há, portanto, diferença nenhuma entre utilitarismo de Mill e utilitarismo das preferências. O utilitarismo estabelece preferências ao escolher o modo de maximizar o prazer. Madeira e os filósofos de segunda ou terceira categoria em que bebeu essa falaciosa distinção equivocam-se.
Mill era, seguramente, mais inteligente do que a populaça de autores de filosofia que, arrastando-se sobre o tapete que ele desdobrou, vieram, até hoje, escrevendo sobre o tema e "aperfeiçoando" o conceito de utilitarismo com termos erróneos como utilitarismo das regras e dos actos, utilitarismo das preferências e outros.
abs.
Antônio M.